Editorial
Uma vez mais, e queremos que assim continue, a sociedade portuguesa é chamada às urnas para eleger os seus governantes, por um período estabelecido pela lei. Vai fazer 50 anos em breve que um novo modo de vida social foi iniciado, o conhecido 25 de Abril com alteração ou criação de novas instituições, ou mesmo de sua anulação, direitos e deveres dos cidadãos. Passados pois, 50 anos, torna-se absolutamente necessária uma análise aprofundada e sustentada do percurso de vida até agora, o que se alcançou, o que se perdeu, a satisfação fundamentada e projecção futura para os vindouros. Há com toda a evidência um mal estar na relação governados e governo, entre filiação partidária e partidos políticos, escolhas postas à prova no momento das urnas. A percentagem de convictos e decididos não será elevada. Paira no ar muito desconhecimento, muito aproveitamento político, muita ignorância, em parte devido ao peso demasiado excessivo da nossa organização social. Muitos os indecisos na hora de votar, muitos os que decidiram não votar, desencantados e desiludidos. Todos a fazer parte da mesma sociedade. Grandes transformações sociais na Europa, e em Portugal, sem controlo. O que desejam os não votantes, porque não votam, que será necessário mudar com urgência. As campanhas dos partidos percorrem o país na angariação de devotos, tudo exprimido não sai nada dos seus discursos nem pretensões. Parece que está tudo “emperrado”, com ferrugem tal que pode partir a cada momento. Não estamos minimamente satisfeitos com a nossa organização social, à deriva quase todos, excepto os que se vêem entre os riscos vermelhos para aproveitar as oportunidades deixadas para seu proveito próprio. Este pode ser também a oportunidade de protestar, sem bandeirolas nem figadeira nos olhos, discreta mas eficazmente, e de conquistar nossos modos de vida. Votar é importante, cada uma e cada um tem a oportunidade de se pronunciar e reclamar o futuro mais apetecível, para os de agora e os que virão.
Rui Marto