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Edição | 19 de Maio de 2023

Para a peregrinação em Maio, caminho da Cova da Iria, não ouvi nem li comentários futuristas, nem previsões de quantidades. Talvez não houvesse, dada a imprevisibilidade da mobilidade humana. A Cova da Iria ficou repleta de peregrinos e os lugares de acolhimento transbordaram de gentes, os cálculos para controlo do tráfego foram ultrapassados, as despensas esvaziaram-se de víveres, enfim, multidão não vista há vários anos, como esta. Habituados já, talvez, ou ainda adormecidos pelo ritmo da pandemia e das guerras, não esperávamos tanta gente a chegar, silenciosa quase, de todos os quadrantes, norte e sul, este e oeste, grupos de centenas e romeiros solitários, com as motivações mais variadas para esta viagem, a pé ou em transporte. Uma maioria silenciosa a caminho, orgulhosamente ostentando símbolos católicos (a cruz florida, a virgem Senhora de Fátima, o estandarte do Movimento ou Associação) em estilo de reivindicação de uma presença, de um caminho, de uma esperança. Ao mesmo tempo, noutro lugar, também de nome religioso, São Bento, legislava-se sobre as ajudas necessárias para morrer. Referindo-se a isto o Papa Francisco manifestou a sua profunda tristeza. Não, desta vez não houve sapateada em São Bento, mas não se perdeu o direito a isso. À Cova da Iria chegavam os cartazes espelhados no rosto de gente que caminha, que sofre, que espera melhores dias. Num lado, a agitação da pressa na morte, do outro, gente que conta os dias, as horas, que pede milagres. São Bento a representar tantos “são bento” ruidoso, frenético, engenhoso, ávido de mando e de interesses próprios; a Cova da Iria a abarrotar de gente silenciosa, que canta e reza, humilde, pacífica, que tem fome de pão e de saúde, de educação, de vida. A sua presença foi, certamente um protesto e um sinal de condenação do ruído dos “face” e de quem teima em calar os que se fazem à estrada, silenciosos, e percorrem caminhos para alcançar a Cova da Iria, muitos milhares a representar os que não puderam vir.

Reativa
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