Editorial
Gostaria que as primeiras letras e palavras deste singelo editorial fossem direitinhas a cada um dos nossos estimados leitores para vos desejar um “Feliz Ano Novo”, quero dizer, um bom ano de 2024. Nas nossas saudações, ao iniciarmos nova contagem dos dias e dos meses, sabe bem, em vez de um “bom dia”, uma “boa tarde”, ou uma “boa noite”, ouvir ecoar “Feliz Ano Novo!”, acompanhado de um sorriso, uma atenção, uma simpatia. Se pudéssemos estar sempre no princípio de cada ano, teríamos, certamente, a oportunidade de receber e de enviar abraços, manifestar desejos de saúde e paz com mais frequência e não estaríamos no comboio que nos leva, quase inevitavelmente, por caminhos mais estreitos, às durezas dos finais de ano, em cada ano que passa. Talvez pudéssemos então habituar-nos a receber e oferecer presentes com mais frequência para a cada instante avivarmos o nosso dia-a-dia, sentirmos a leveza que a amizade provoca, o carinho, o afecto, quando colocamos de lado as querelas os maus feitios, os obstáculos, as provocações. O coração humano aprecia tanto estes sentimentos, o ar refrescante de uma ajuda inesperada, a coragem dada numa simples palavra, a confiança apostada no futuro… isto é dizer reconhecimento das coisas boas, das qualidades escondidas, da recompensa que chega, das mulheres e dos homens que fazemos a nossa terra. De guerras e notícias delas não nos falem que ficamos tristes! Digam-nos que o padeiro continua a levantar-se muito cedo para termos o pão sobre a mesa, que o Zé nos abriu a porta para nos aquecer o estômago com um cafezinho como só ele sabe tirar, que a senhora doutora conseguiu ainda um tempinho para diagnosticar e receitar para esta malfadada gripe A, que a farmácia estava mesmo na hora de fechar, mas esperou por mim com sorriso franco relativizando a importância do relógio! Digam-nos! Falem-nos! Convidem-nos a dançar porque há festa! Ensinem-nos a ver cada pessoa no que tem de excêntrico, de “anormal” como fazendo parte dos “nossos”! Mostrem-nos que não precisamos de correr tanto para a escola, para o trabalho, para as administrações! Deixem-nos observar como pode ser bonito de ser velho, cuidado, acompanhado com a presença, carinhos, afectos sem nunca nos cansarmos. Quem inventou a guerra ainda não sabe o que é viver! Que este ano de 2024 nos leve ao início da beleza e do bem… será um Feliz Ano!
Rui Marto
