Editorial
Alguns encontram um prazer intenso, único, com encher o estômago de mentiras, sobre o vizinho do lado, sobre o opositor, para se afirmarem como dignos de confiança, e publicam que essa é a melhor refeição. Sobem ao palco para que as televisões possam espalhar a imagem e a voz colocando a mentira no lugar da verdade, fazendo crer que a mentira é a verdade. Não importa! Como estamos todos tão atarefados, sem parar para reflectir e nos informarmos melhor, engordamos também e o nosso sangue passa a ser composto de imundos! Mas vamos ao que tinha para escrever-vos hoje. Tenho acompanhado pela televisão alguns jogos de futebol “Euro 2024”. Este serão foi demais para não pedir ajuda à compreensão de outros. A Selecção Portuguesa defrontava a Eslovénia, tudo corria mal e tudo corria bem sem entender bem porquê. Um pedido de desculpas público do CR7 e um Diogo Costa ao estilo dos heróis a chegar de grande batalha. Não é por medo, julgo eu, mas tenho sempre muita dificuldade em assistir ao derradeiro embate entre gladiadores, quando acontece, o corte decisivo dos penalties. Desta vez, prendi as mãos à vontade e não mudei de canal, quis ver o desenlace. Diogo, o grande, a tantas e variadas perguntas, limitava-se a responder: “segui o meu instinto”; “quis dar o meu melhor à equipa”; “pela minha família”; “o meu trabalho”. Pergunto eu: de que são feitos os heróis? Trabalho, instinto, probabilidade, família, solidariedade. Sonhamos todos com a vitória final, vencidas as dificuldades de percurso. Porém, fica uma certeza, temos heróis! Sejamos merecedores de tanto empenho e tanto amor demonstrado pela nossa terra, por Portugal, pela nossa gente!
Rui Marto