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"O verão defraudou as expectativas"

13-01-2022
Setembro é tempo de recomeços, mas também é tempo de balanço, sobretudo para quem trabalha na área do turismo. Em entrevista, a presidente da Aciso - Associação Empresarial Ourém Fátima, Purificação Reis, conta-nos como correram os meses de verão em Fátima.

Notícias de Fátima (NF) - Que balanço faz dos meses de Verão?

Purificação Reis (PR) - Podemos destacar o mês de Agosto na hotelaria, em que houve efectivamente algum movimento significante. No entanto, eu diria que o verão defraudou as expectativas. Fátima depende, em mais de 70%, do turista internacional, no respeitante ao alojamento, e esse ainda não tem condições ou confiança para viajar. Para o sector das agências de viagens e empresas de animação turística, a situação continua muito parada. No comércio e restauração podemos falar numa melhoria mais significativa porque contam também com o fluxo de visitantes que não pernoitam. Voltou a notar-se algum movimento nas ruas, principalmente aos fins de semana e nas horas das cerimónias religiosas. No entanto, a grande maioria são visitantes que vem às cerimónias religiosas e que regressam a suas casas no próprio dia.

 

NF - O movimento registado nos últimos meses está dentro das vossas expectativas?

PR - Desde o início da pandemia que as expectativas foram sendo goradas e isso continua a verificar-se. Assim como ninguém esperaria que a pandemia entrasse por 2021 adentro e que fossem surgindo novas variantes, cada vez mais agressivas, também ninguém esperava que, mesmo com o sucesso do plano de vacinação, se continuassem a verificar restrições e condicionantes diversas, a nível internacional, que impedissem a retoma do turismo. É fundamental que haja estabilização e uniformização das regras de entrada e saída dos diferentes países para que as pessoas recuperem a confiança para viajar.

 

NF - Os hotéis, restaurantes, café e lojas de artigos religiosos já retomaram a actividade ou ainda há casas fechadas?

PR - Como sabemos a oferta está directamente ligada e condicionada pela procura. Se estamos apenas com 20% ou 30% da procura no alojamento, não se justifica a reabertura de todos os estabelecimentos de alojamento, motivo pelo qual alguns se mantêm ainda encerrados. Mesmo no comércio, principalmente no comércio direccionado para o turismo, mantém-se aberturas pontuais aos fins de semana ou em semanas de maior movimento.

 

NF - No caso dos funcionários, já estão todos a trabalhar ou ainda há pessoal no fundo de desemprego?

PR - Garantir os recursos humanos necessários e gerir as equipas de pessoal em contexto de pandemia tem sido um verdadeiro quebra-cabeças para os empresários. Se por um lado necessitam de reforço de pessoal para situações pontuais de maior movimento por outro lado não lhes é possível estabilizar equipas pois não há movimento que o justifique na maior parte do tempo. Sabemos que continua e continuará a existir a necessidade de manter alguns dos funcionários a coberto dos apoios à retoma progressiva, na parte do tempo em que não estão a trabalhar.

 

NF - Já é possível ver a luz ao fundo do túnel ou a incerteza da pandemia continua a pairar?

PR - Enquanto os corredores aéreos não reabrirem em pleno, e enquanto os diferentes países continuarem a impor regras e restrições à entrada e/ ou saída de visitantes, o turismo não retomará a sua normalidade e Fátima é, por natureza, o destino nacional que maior impacto sofre. A instabilidade das regras adoptadas por cada país relativamente às condições que impõe para a entrada e saída de visitantes de países terceiros é o principal factor inibidor da retoma das viagens e consequentemente da retoma do turismo. É absolutamente fundamental que o governo português aceite as vacinas utilizadas fora da Europa para que a mobilidade seja efectiva, assim como é fundamental que quem nos visite o possa fazer à luz das regras do seu país.

 

NF - Qual a expectativa para os próximos meses?

PR - A expectativa para os próximos meses, de forma realista, é baixa. Se estivéssemos em anos de alto fluxo turístico, Fátima estaria a um mês de entrar em plena época baixa. Em situação de pandemia a época baixa foi o verão o que, infelizmente, não deixa grandes expectativas para o inverno… Espera-se que, a partir de Março de 2022, haja alguma recuperação significativa.

A enorme relevância da vinda do Papa Francisco às Jornadas Mundiais da Juventude e a Fátima, em 2023, traz a forte esperança que o caminho até lá seja ascendente; seja a Luz que o sector do turismo tanto precisa.

 

NF - Em termos de promoção, a estratégia já está planeada? Qual vai ser a aposta?

PR - Temos muita vontade de retomar em pleno as acções de promoção turística, mas tem sido um verdadeiro desafio, conseguir pô-las em prática. O próprio Workshop Internacional de Turismo Religioso que realizámos em Junho de 2021 foi um desafio enorme. Foi um evento duplamente preparado e trabalhado! Foi preparado para ser realizado presencialmente e também on-line pois não foi possível saber, com antecedência, qual dos formatos poderíamos ou teríamos de adoptar. Acabámos por ter de optar pelo formato digital e felizmente correu muito bem, mas sabemos que não tem a mesma eficácia. Se a pandemia nos deixar realizaremos o IWRT de 2022 em formato presencial.

Em Setembro, nos próximos dias 21, 22 e 23 iremos participar no XVI Congresso de Turismo Religioso y Sustentable, em Pamplona, Espanha, onde promoveremos a marca Fátima e o turismo religioso, bem como o IWRT 2022. Em Outubro participaremos, com um stand próprio, na ABAV Expo (Associação Brasileira das Agências de Viagens), no Brasil, onde nos faremos acompanhar por alguns empresários, associados da ACISO, que manifestaram essa disponibilidade e interesse. Em Novembro tínhamos em plano fazer duas acções de promoção nos EUA mas as restrições impostas à entrada de visitantes estrangeiros, nomeadamente de Portugal, ainda não nos permitem avançar com a respectiva preparação. Vamo-nos habituando a ter que agir e decidir em cima do momento e consoante as possibilidades existentes.