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Ordenado novo sacerdote na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

19-12-2019
Em pequeno, Luís Miguel Oliveira Dias, de 27 anos, natural da freguesia de Fátima, queria ser padre. Na juventude abandonou essa ideia e decidiu seguir Engenharia Física. Já estava inscrito no 2.º ano do curso, em Coimbra, quando voltou a sentir o chamamento de Deus. Luís decidiu arriscar e fazer uma experiência no seminário, para surpresa dos amigos e da família. No passado dia 07 de Dezembro, véspera do dia solene da Imaculada Conceição, o jovem fez os votos sacerdotais, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, na presença do ministro geral da sua congregação (Servos do Imaculado Coração de Maria), Luigi Luciano, do bispo da Diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto, do pároco de Atouguia, padre Varela e do sacerdote que o baptizou, padre Morgado. À celebração assistiram dezenas de familiares e amigos, que não contiveram a comoção e lágrimas.

Como surgiu a sua vocação?

Quando era pequeno passou-me várias vezes pela cabeça a ideia de ser padre, mas nunca lhe dei muita importância. Tinha outros projectos pessoais. Primeiro queira ser veterinário, depois médico e no secundário engenheiro. Acabei por entrar em Coimbra, fiz o primeiro ano de Engenharia Física e já estava inscrito no segundo ano quando decidi entrar para o seminário. 

 

Como é que tudo aconteceu?

Desde os meus 16 anos que frequentava a Comunidade dos Servos do Imaculado Coração de Maria, que fica ali mesmo ao pé do CEF [Centro de Estudos de Fátima]. Eles organizavam várias actividades para os jovens, como jogos de futebol, e eu costumava participar nessas actividades. No meio daquela alegria toda, havia sempre um momento de oração e, devagarinho, faziam-nos crescer na fé. Entretanto, comecei a fazer este caminho [Universidade] e quando acabei o primeiro ano convidaram-me para participar num campo de férias, em Itália. Aceitei e acabei por descobrir a vocação. 

 

Como é que a família reagiu?

Os meus pais ficaram contentes com decisão, mas tristes devido à distância. No início, a separação custou-lhes, mas já se habituaram e estão muito, muito contentes.

 

E os amigos?

Para os meus amigos foi um choque. Houve quem me tivesse chamado "maluco", quem pensasse que era uma decisão passageira, porque não coincidia com a vida que eu levava em Coimbra. 

 

Costumava participar na vida académica? 

Sim, sim. Tinha o meu grupo de amigos, saia com o pessoal do curso. Aliás, a minha mãe sempre me ajudou a cultivar este amor ao Senhor, a frequentar a missa todos os domingos, a rezar o terço todos os dias. Nesse ano afastei-me um bocadinho do Senhor, e tanto é que no Verão não queria participar nestes campos que me ajudaram a descobrir a vocação. Estava cansado, tinha feito todas aquelas coisas que me davam divertimento, euforia, mas, no fim, só sobrava o vazio, a tristeza, nada daquilo me preenchia. Mas o padre [dos Servos do Imaculado Coração de Jesus], que estava aqui em Fátima e que fez tanto por mim, insistiu comigo e eu lá participei e abriu-se toda esta estrada. Conheci rapazes seminaristas e percebi que não eram extra-terrestres, tinham uma alegria genuína, simples, que eu nunca tinha visto e que contagiava. Então, decidi que queria ver o que era aquilo.

 

Formou-se cá?

Como descobri a vocação com os Servos do Imaculado Coração de Maria, decidi entrar no seminário deles que é em Roma. 

 

Durante o período de formação teve dúvidas? 

Tive momentos em que pensava: será que tenho os talentos necessários para poder viver esta missão? Mas o Senhor foi sempre confirmando. 

 

Fez toda a formação em Itália?

Fiz os dois primeiros anos em Roma, depois estive um ano na Toscana, foi lá que nasceu o nosso fundador e a nossa congregação, e estive cinco em Roma. Os oito anos passaram a voar.

 

Quis ordenar-se aqui em Fátima?

Nos primeiros anos do seminário sempre tive a ideia de fazer a ordenação aqui em Fátima, mas durante o ano pastoral em que fazemos uma experiência na comunidade estive em várias zonas de Itália a fazer catequese e conheci tanta gente que pensei: Bem, gostaria que esta gente toda estivesse na minha ordenação. Então pensei fazer a minha ordenação em Itália, mas a minha família, os meus amigos, tinham dificuldade em ir a Itália, por isso acabei por me ordenar aqui em Fátima. Veio um grupo de 100 italianos das diferentes zonas onde estive. Não estava à espera que viesse tanta gente.

 

Escolheu a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima?

Como o nosso carisma está muito ligado às Aparições de Fátima escolhi a Basílica. Também estão lá os pastorinhos, e queria estar deitado ao lado deles.

 

É devoto dos pastorinhos?

Sim, sim. Ajudaram-me muito no caminho do seminário. Vejo-os como três irmãozinhos que me dão vontade de os seguir. Suscita-me mesmo ternura pensar neles.

 

Também celebrou a sua primeira missa no Santuário?

Não. Celebrei na igreja da Atouguia, onde fui baptizado. 

 

Correu bem? 

Tanto a missa de ordenação como a primeira missa correram bem. Foi uma alegria, mas ao mesmo tempo uma profunda serenidade. Uma alegria de saber aquilo que estava a receber, uma alegria de saber que estava a recebê-lo juntamente com tantas pessoas que me querem bem. E uma serenidade que me permitiu dar o meu sim total.

 

Vai ficar aqui em Fátima ou volta para Itália?

Vou para Ostuni, Itália, onde já estava a trabalhar antes de ser ordenado.

 

Um dia gostava de vir para Fátima?

Nós somos missionários. Por regra, mudam-nos de comunidade. 

 

A vossa congregação está presente em muitos países?

Temos 11 comunidades na Itália, uma em Portugal e outra no Brasil. Ao todo, somos 70 padres e 50 irmãs. Aqui em Fátima temos quatro sacerdotes e cinco irmãs. 

 

 

Fotos do momento da ordenação: Pedro Reis