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“Sempre tentei ter um sentido de justiça muito grande”

15-06-2023
O médico Pedro Costa ainda usa os verbos no presente quando se refere ao trabalho. Comove-se ao contar a surpresa que os colegas lhe fizeram no último dia de serviço, entusiasma-se ao recordar os12 anos que passou na Unidade de Saúde Familiar (USF) Fátima e confessa que já tem saudades dos colegas e dos doentes, a quem deixa uma palavra de agradecimento. Embora esteja aposentado desde o dia 1 de Junho, entende que pode continuar a dar o seu contributo na ajuda à população do concelho que tem um grande défice de falta de médicos de família. Para já, vai fazer uma pausa até Outubro e depois volta a dar consultas. Não a tempo inteiro, mas a meio tempo.

Notícias de Fátima (NF) - Sempre quis ser médico?

Pedro Costa (PC) - Antes de ser médico, quis ser bombeiro. Aliás, os bombeiros de Ourém sempre tiveram muita fama. E nós desde pequenitos o que queríamos era ser bombeiros. Ainda cheguei a ser, embora não me inscrevesse, fiz apenas uma pré-inscrição, mas depois não tive qualquer dúvida: queria ser médico.

 

NF – E teve dúvidas em relação à especialidade?

PC - A minha dúvida era entre Medicina Geral e Familiar e Pediatria. Acabei por escolher Medicina Geral e Familiar. Concorri, fiquei em Ourém - era o que eu queria - e nunca mais quis sair de cá – estou cá há 40 e tal anos. Primeiro, estive em Rio de Couros…

 

NF – E depois veio para Fátima?

PC - Estive lá [Rio de Couros] cerca de 30 anos. Sai de lá “à força”. Na altura, o doutor Pedro Marques, que era o coordenador do ACES [Agrupamento de Centros de Saúde], quase que me obrigou, a mim e a mais um grupo, para formarmos uma Unidade de Saúde em Fátima. Crescemos, e estive lá quase 12 anos.

 

NF – E gostou?

PC - Como disse, quase fui forçado a ir para lá. Gostei muito, muito de estar em Rio de Couros, mas adorei a equipa [de Fátima]. Tenho pena de ter saído, mas tudo tem um fim. O trabalho numa USF [Unidade de Saúde Familiar] de modelo B é muito intenso. As pessoas não têm ideia. Eu já tenho quase 67 anos, já tenho idade para estar mais descansadamente a trabalhar; idade para não estar a pensar em objectivos e em tudo aquilo que uma Unidade de Saúde Familiar de modelo B obriga.

 

NF – Pode explicar em poucas palavras em que consiste uma USF de modelo B?

PC - Nós escolhemos a equipa com a qual vamos trabalhar. E o fundamental para isto correr bem é a equipa, porque um de nós, só por si, não faz rigorosamente nada. As equipas são fundamentais. E em Fátima, nós temos uma equipa fantástica e damo-nos todos muitíssimo bem, daí o sucesso.

 

NF – Ao longo da sua longa carreira viveu certamente momentos marcantes. Quer partilhar alguns desses momentos?

PC - Fui coordenador nos primeiros seis anos da USF Fátima e o momento que mais me marcou foi numa reunião, por causa de pequeno problema que houve, em que pus todas as minhas colegas enfermeiras quase a chorar. Marcou-me brutalmente esse momento. Pela positiva, foi o ambiente de trabalho da USF Fátima. Acho que é fantástico! Dava-me muito bem com a grande maioria dos doentes. Lá está, há sempre alguns que não gostam da unidade, do médico x ou do enfermeiro z, mas isso é porque nós trabalhamos e esforçamo-nos. Só conseguimos agradar a todos se não fizermos nada. A equipa que lá está é fantástica. Já tenho saudades.

Leia a noticia completa na edição de 16 de Junho de 2023.