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Jorge Perfeito

17 de junho, 2022

OLHAR DE FRENTE – VER DIFERENTE (A nova revisão do PUF)

1. Ao cabo de 18 anos de sucessivos adiamentos e falsas promessas, entrou finalmente em discussão pública o novo PUF para Fátima, com prazo a terminar em 19 de Julho, ou seja, daqui a um mês. O pecado original, no entanto, já está bem à vista. Não obstante a dilação do prazo, o certo é que não o é, e contém uma armadilha, com o intuito pouco transparente de se ocultarem favorecimentos e interesses previamente manipulados a montante, para que os mesmos sejam contemplados a final. Durante todos estes anos, deste executivo, o plano esteve a ser cozinhado às escondidas, em surdina e sem que nada transparecesse cá para fora.

A verdadeira discussão pública deveria ter sido feita, pois, ao longo do tempo que decorreu. E não agora num mês. Porque, atente-se bem num pormenor que não é de somenos. Os fatimenses, ocupados em plena época alta, não vão ter tempo para se informarem acerca do plano, quanto mais para eventuais interpelações, reclamações ou sugestões.

Se acrescentarmos a isto que a freguesia de Fátima mantém um elevado índice de emigração, que só vem em Agosto e para descansar, e que, portanto, nem sequer ouvirá falar da revisão do PUF, a desfaçatez é mais que evidente e está à vista o que está para vir. Feito o devido reparo, é de manifesto mau gosto o que se está a passar, perpetrado por parte dos incumbentes que deveriam zelar pelo interesse público, primeiro que tudo. Mas não é isso que se passa, porque em vez, se aproveitam desses cargos e funções, para cuidarem dos seus interesses particulares, acima de tudo e estão-se absolutamente nas tintas para o resto.

Já antes utilizaram a mesma metodologia com o PDM, e posteriormente, com as suspensões cirúrgicas dos planos de pormenor, da Tapada e da Avenida João XXIII, precisamente para que esses interesses saíssem favorecidos. Entretanto, questões como a construção do quartel dos bombeiros, que já leva com três alterações de localização, ou do hospital, que não se sabe se será público, se privado, ou de uma parceria público-privada, ficará tudo para as Calendas Gregas, sem que se vislumbre nada de concreto, tamanha é a promiscuidade dos interesses em jogo. Bem vistas as coisas, temos aqui um imbróglio muito parecido com que se passa ao nível do País, com a questão da localização do novo aeroporto, que dura há mais de 50 anos, sem que se defina uma solução. Aqui estamos quase pró mesmo, enquanto por ali andam no levanta pedra, muda pedra, escava terra, muda terra, a fingirem muito trabalho, para inglês ver, sem qualquer resultado final.

2. Sejamos muito claros, somos indefectíveis defensores da criação do concelho de Fátima, e sobre isso nunca nos cansámos de escrever aqui, vai para seis anos. Durante todo este tempo, nunca os políticos e forças políticas, no poder e na oposição, se vieram pronunciar sobre isso. Nunca se manifestaram e menos o defenderam. Não escreveram nem uma linha. Agora, vieram todos numa lufa-lufa dizerem que está na hora de tratar disso, que é uma inevitabilidade, assim, sem mais aquela. Desde o início do ano que nas páginas deste jornal, em extensas entrevistas, vieram dizer coisas destas. No entanto, sem qualquer base, sem critério, nem nenhuma fundamentação, por manifesta falta de conhecimento, já se vê. Foi só da boca pra fora. Ao mesmo tempo, surgiu um grupo de jovens reivindicando para si a bandeira dessa aspiração e desiderato. Só lhes fica bem, mas conforme se mostraram, assim desapareceram. Foi só para a fotografia. E chamar-se-lhes jovens, é favor, porque na casa dos trintas e quarentas, é-se novo mas já não se é jovem. Se não se põem a pau, daqui a 10 ou 15 anos (que é o que se prevê que dure o PUF), estarão na meia-idade, sem terem realizado nada do que se vieram propor. Qual é o projecto e como se desenvolve? Quais as carências? Que
método a definir e metas a alcançar? Sobre isso ainda nada se disse. É tempo que o façam.

Não seria esta uma boa ocasião para se virem pronunciar sobre o futuro da terra e do novo concelho que se visa criar, começando precisamente por participarem activamente na questão da discussão do PUF? E que dizer do autêntico crime ambiental que todos os dias se continua a praticar, como o assunto das pedreiras? Sobre isso também nada têm a dizer? Então aqui fica a sugestão, exortando a que o façam, bem como todos os fatimenses. Sobre a questão do PUF, aqui estaremos na próxima edição para mais considerandos, e na outra a seguir, até que o prazo se esgote. Tenham uma óptima quinzena.

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