Notícias de Fátima
Sociedade Religião Lazer Educação Desporto Política Opinião Entrevistas Como Colaborar Contactos úteis Agenda Paróquia de Fátima Ofertas de Emprego
PUB

Jorge Perfeito

15 de abril, 2022

Olhar de Frente — Ver Diferente (Os Senhores da Guerra)

Em 25 de Setembro de 1949, o presidente norte‑americano Harry Truman admitia publicamente que a União Soviética também já dispunha da bomba atómica, pelo que a partir daquele momento as duas superpotências entrariam numa nova era de autodestruição mútua.

 

Praticamente afastada a hipótese de um conflito nuclear, no que respeita ao conflito russo‑ucraniano, o que seria catastrófico para a humanidade e nos dá uma falsa e perigosa sensação de segurança, vamo‑nos a pouco e pouco habituando à ideia de que esta é mais uma guerra regional localizada, como dezenas de outras que ocorrem pelo mundo, a que nos acostumámos e já nem ligamos nenhuma. A única diferença é que esta ocorre em território europeu, que nos faz sentir como se fosse no quintal do vizinho e provoca grande alarido.

 

Já nos deram a entender que esta guerra está para durar, e temos de interiorizar isso, da mesma forma que interiorizámos que um vírus veio para ficar e temos que conviver com ele. Isso e tudo o mais, com os inerentes reflexos e consequências, que irão afectar o nosso estilo de vida durante os próximos anos e décadas, a todos os níveis, social, económico, ambiental, sanitário, etc... Assim o determinam os senhores da guerra. Este conflito durará, enquanto eles quiserem que dure. E enquanto se destrói um país e se ceifam vidas humanas, políticos e senhores da guerra desdobram‑se em assembleias, reuniões e circunló‑ quios, para aprovarem e discutirem condenações, sanções, retaliações e embargos de duvidosa eficácia. Ao mesmo tempo, vão apoiando um dos lados beligerantes, fornecendo armas e todo o tipo de material bélico.

 

Vende‑se, negoceia‑se a guerra. Não a paz. De um momento para o outro, os países da UE lembraram‑se que afinal ainda dispunham de muitos milhões para gastarem em armamento. Cerca de 2% do PIB, dizem. Há mais hipocrisia nisto do que em todas as histórias que nos querem impingir. Razão tinha o Saramago, naquele discurso quando recebeu o Nobel, criticando o facto de ser mais fácil ir a Marte do que acabar com a fome no mundo.

 

A par disto, a fragilidade dos nossos governos e das nossas lideranças, chega a ser confrangedora. Com a crescente escalada das ideologias populistas e de extrema direita, o projecto europeu pode correr sérios riscos de desmembramento, o que, aliás, já começou a suceder. Um futuro nada auspicioso. Esperemos que ainda haja alguma lucidez de raciocínio nas cabeças dos líderes do mundo, para colocarem um travão nisto.

 

Tenham uma boa Páscoa.

Últimas Opiniões de Jorge Perfeito