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José Paulo do Carmo

23 de dezembro, 2019

Reinventar

Não serei por certo um dos velhos do Restelo que por aí pululam a gritar aos sete ventos que Fátima como a conhecemos está para acabar ou que passam a vida a denegrir e desvalorizá-la. Não deixo ainda assim de me preocupar com o facto de a achar um produto esgotado que necessita de se reinventar. E quando falo de produto não me refiro à religião em si mas sim ao formato muitas vezes erróneo que usamos para a promover. Para a fazer crescer e desenvolver segundo parâmetros.

 

Acredito por isso que Fátima necessita de se reinventar e precisará para isso de um ímpeto reformista que não teve desde a sua existência. Uma Fátima emocional mas também conceptual que puxe pelos valores mais nobres que fizeram dela o que é hoje mas também no domínio da evolução e da capacidade de introduzir novos ingredientes para uma definição mais precisa do futuro.

 

Antigamente metia-me confusão que grande parte dos nossos visitantes e turistas fossem já de uma idade avançada. Fácil será porém de perceber o motivo. Quanto mais vamos avançando na Vida mais perto nos sentimos da Morte e por isso procuramos encontrar razões para sermos salvos quando daqui partirmos. Quando somos novos isso não entra no nosso léxico. Fátima não irá desaparecer se não nos reinventarmos mas provavelmente deixará de dar para todos. Alguns terão que fechar e outros de procurar novas vidas. Quando falo de reinvenção olho muito para um exemplo que temos aqui bem perto. O Luz Houses agarrou nas nossas tradições e no passado mais genuíno e deu-lhe uma roupagem moderna e confortável, criativa e por isso ousada. O resultado está à vista de todos até com clientes que pouco saberão da história religiosa ou do que se passou em 1917.

 

É por isso que defendo uma mensagem mais espiritual e aberta mais inclusiva e menos arrogante e dessa forma piscando o olho aos mais jovens e a públicos diferentes. Fátima não precisa de ser sempre sisuda. Pode ser séria mas feliz. É templo de oração mas pode também ser palco de debate e da criação de novas agendas mas acima de tudo motivo de orgulho. Quando vejo por esta altura as inúmeras Feiras de Natal fico a imaginar como seria bom termos um mês de Dezembro cheio de crianças e jovens nas nossas ruas e como isso faria sentido. Mas também a ideia de um Concerto Mundial da Paz com 300.000 jovens vestidos de branco com apelo ao entendimento global e ao fim da violência ou uma Feira Internacional da Juventude anual onde durante 1 semana se discutissem os grandes temas que interessam aos jovens com espectáculos e fóruns de debate. É preciso uma definição estratégica muito clara do caminho que queremos seguir e que produtos queremos ter ao nosso dispor para nos promovermos. As pessoas precisam de mais para fazer do que rezar uma hora na capelinha. Faltam motivos para trazermos mais gente e as aguentarmos cá mais tempo.Com as ferramentas que temos muitas vezes o que noto é que falta arrojo e vontade de inovar. É mais fácil ficar sentado a fazer o mesmo de sempre.

 

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