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José Poças

21 de maio, 2021

Os 50 anos da cidade de Fátima - III Parte

Uma das temáticas que merece uma reflexão profunda é o da fruição cultural em Fátima. Desde sempre houve um fraco ou nulo interesse do poder concelhio nesta área. Polémicas à parte, a nossa cidade nunca teve uma programação cuidada da Câmara Municipal, quer durante a governação social-democrata ou socialista.

É tempo de reivindicarmos, como direito próprio, um programa cultural diversificado, adaptado aos diferentes públicos (erudito, popular e infantil), com eventos mensais que dignifiquem a nossa cidade.

É tempo de pensarmos em Fátima como território da cultura, centro de encontro e lugar de partilha. Baseando-nos na Carta Europeia das Cidades e Territórios da Cultura e Património, devemos ser capazes de criar um projecto estruturado de Carta Cultural, que permita a criação progressiva de uma rede cultural, com ligação às associações e os agentes culturais individuais. A Câmara Municipal terá de fazer uma articulação, em conjunto com a Junta de Freguesia, uma análise SWOT das forças, fraquezas e oportunidades de Fátima, para se poder traçar objectivos (o que se vai fazer), qual o público-alvo e quais os resultados que se pretendem alcançar a médio prazo na área cultural.

É urgente que os nossos eleitos locais promovam uma política activa de acessibilidade de bens culturais aos diferentes públicos, numa estratégia que permita a promoção e dignificação de espaços na freguesia e o reforço de identidades locais.

É também mais do que tempo de serem criados eventos ligados à gastronomia local e regional, ao turismo desportivo, ao turismo de natureza numa articulação com as diferentes associações (e não só acções pontuais), etc, etc. Outro dos aspectos importantes a ter em conta é o da preservação da envolvência de Fátima. Não o vamos conseguir se continuarem a proliferar nas entradas da cidade os anúncios em painéis gigantescos (poluição visual) ou a aparecerem situações que põem em causa o equilíbrio e a estética da cidade. Nada justifica a necessidade de existir um totem publicitário luminoso excessivamente alto, quebrando a harmonia de ligação da estatuária da dita Rotunda Norte com a Avenida Dom José Alves Correia da Silva. E que dizer da entrada da Via Sacra? Tem de haver a coragem política de proteger toda a envolvência turístico/religiosa, legislando/criando a nível municipal uma zona de protecção paisagística especial dos sítios histórico/turístico/religiosos da nossa freguesia.

Nota final: Usando as palavras de um ilustre articulista, “não costumo comentar os artigos de outros colaboradores”, mas como fez referência ao meu artigo, quero também deixar-lhe, usando as suas palavras, “uma informação e um esclarecimento. Apenas isso”. Tenho algumas dificuldades em aceitar conselhos paternalistas sobre o concelho de Fátima, bandeira que sempre defendi, não só por palavras mas também por acções. Deixando de lado a posição de Jorge Sampaio (daria assunto para mais de uma crónica), permita-me uma pequena transcrição do Notícias de Ourém, de 26 de Dezembro de 2003, em que a jornalista descreve a minha tomada de posição na altura:

«Poças das Neves considera que ao PSD nacional “impunha-se dar uma satisfação aos habitantes de Fátima, o que não se veio a verificar”. O deputado municipal considera que “os políticos perdem a memória esquecem quem são e ao serviço de quem verdadeiramente devem estar, das populações que os elegeram e não de obscuros jogos políticos”. E se “há quem venda a alma e consiga viver muito feliz com o que resta”, o que não é o seu caso, tomou “a única posição que considerou digna - a demissão”.»

 

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