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José Poças

5 de fevereiro, 2021

Vai-se fazendo…

Sejamos claros. Os governantes são eleitos para tomar as decisões difíceis e depois responder perante elas. Mas governar implica também saber antecipar e não apenas gerir (mal), de forma reactiva, as situações. Vejamos alguns exemplos.

 

1. Houve um total desnorte sobre quem deveria ser vacinado na classe política e “apêndices” de cargos públicos de nomeação régia … desculpem… de nomeação governativa, os tais boys que nos dominam. 

Foi um erro não ter considerado o chefe de Estado, o presidente do Parlamento e o primeiro-ministro como prioritários. O Governo corrigiu esta situação insólita com outro erro, passando a abranger os 230 deputados e outros “políticos”. Devido à indignação popular, em 72 horas, a lista encolheu e tem agora 35 nomes. E pode não parar aqui, já que vários deputados consideram (e bem) que quem está na linha da frente do combate à pandemia e os mais idosos devem ser prioritários. Como dizia e bem Manuel Alegre, “o Estado deve proteger os cidadãos e não proteger-se a si próprio.”

No entanto, para dar um ar da sua graça, a Assembleia da República decidiu que era a altura certa para legalizar a eutanásia. Para além das questões éticas e sociais que levanta, o timing escolhido revela a indiferença perante a situação real do país, em que tanta gente morre, não por “escolha pessoal”, mas porque os hospitais não conseguem dar resposta humanitária a tantos doentes.

 

2. Em Abril de 2020, o primeiro ministro António Costa garantia que “o ano lectivo ia começar com “o acesso universal à rede e aos equipamentos de todos os alunos dos ensinos básico e secundário”. Claro que dos prometidos computadores apareceram apenas 100 mil. Foi feito um contrato em final de Dezembro para os restantes 335 mil e, segundo o Ministério da Educação, serão distribuídos até final de Março. Entretanto, a solução encontrada “milagrosamente” foi o fecho das escolas por 15 dias, com a suspensão da actividade lectiva, que serviu apenas para o Ministério da Educação preparar em duas semanas o que já deveria estar preparado há meio ano.

O grave da questão é que na TVI, em 27 de Janeiro, António Costa referiu peremptoriamente “Ninguém proibiu ninguém de ter ensino online”. Ora em 21 de Janeiro o comunicado do Conselho de Ministros definia “a suspensão das actividades lectivas e não lectivas e formativas” e para quem levantava algumas dúvidas (sobretudo o ensino particular e cooperativo), o Ministro da Educação ordenava, no mesmo dia, que o “ensino particular à distância também vai parar. Interrupção é para todos”. E assim se vai mentindo, impunemente, sem que ninguém ouse por em causas estas contradições dos dirigentes políticos.

 

3. Vivemos tempos em que a impunidade dos chicos espertos lhes permite serem vacinados, passando à frente de profissionais de saúde, de bombeiros que lidam diariamente com doentes com COVID, de pessoas fragilizadas ou com mais de 80 anos, etc, etc.

Num país onde reina a cunha e o privilégio, falta coragem para tomar decisões acertadas, já que  são “os ratos que dividem o queijo” por eles e pelos seus amigos, sejam familiares, empregados de pastelaria ou de restaurantes que frequentam. Já vão em 340 os casos descobertos de golpadas nas vacinas. Por exemplo, a autarca de Portimão foi posta na lista prioritária pela presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve que por acaso, mas mesmo só por acaso, é familiar próxima. Para além de ilegal é eticamente reprovável, mas este é infelizmente o país que temos, em que os boys partidários julgam que os cargos os elevam a donos de todos nós.

Há até quem diga que o que está a acontecer com as vacinas é só o aperitivo para o que vai acontecer com os milhões que hão-de vir de Bruxelas.

 

4. As pessoas em Portugal não são de extrema-direita. Houve foi um grito anti-sistema nestas eleições presidenciais. Contra tudo o que acima escrevemos e contra o abandono e desprezo a que são votados. Só isso explica os 5000 votos de Ventura na  freguesia de Cascais a que se somam 2000 numa freguesia pobre de Loures. E os votos no interior do país, de norte a sul. E no concelho de Ourém. A tal vaga que Trump cavalgou com a América profunda, lembram-se?

O inenarrável Ventura vai buscar votos a todos os partidos (incluindo à extrema-esquerda), porque percebeu que pode agregar os descontentes do regime. Meio milhão de pessoas zangadas é muita gente. E a culpa é de todos os partidos ditos democráticos, com as suas (não) prática políticas. Temos hoje em dia um Estado dominado por boys, por amigos e por famílias, em que tudo é feito como já se fez no passado … vai-se fazendo.

 

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