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José Poças

3 de junho, 2022

A cereja no topo do bolo

O presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, foi um dos oradores convidados na primeira das quatro conferências sobre o futuro de Fátima. O que pudemos aprender com um concelho de sucesso no interior profundo do país? Muito. Sobretudo se percebermos como foi possível criar uma marca impactante, reconhecida a nível nacional, que permitiu o desenvolvimento deste concelho da Beira Baixa.

 

1. O concelho do Fundão perdeu imensa população nas últimas décadas. Passou de cerca de 50 mil pessoas para 27/28 mil. A partir de 2015 passou a ter saldos migratórios positivos. Segundo o presidente da Câmara do Fundão, recebem actualmente um engenheiro informático por dia e uma em cada 10 pessoas que procuram o concelho são estrangeiras.

Hoje em dia a cidade do Fun‑ dão tem 14 mil habitantes, entre os quais mil engenheiros informáticos ligados ao cluster da cereja. Dezenas de experiências (34 produtos) foram surgindo a partir da marca Cereja do Fundão ligados à medicina, bem‑estar, lazer … Com a tecnologia desenvolveram produtos específicos para o mercado internacional com as empresas do concelho – por exemplo compota de pétalas de rosa ou azeite com pepitas de ouro, para o mercado árabe.

Há uma aposta no Marketing territorial que a Câmara utiliza em todos os sectores de actividade empresarial.

 

2. Há dez anos a cereja paga ao produtor era de 1 euro, hoje ultrapassa os 3 euros (mais de 2 vezes o valor inicial). Mas nem todos os que produzem cereja podem usar a marca territorial da Cereja do Fundão. Há uma triagem pela qualidade, a aposta na excelência, elevando a fasquia, em vez de cair na tentação fácil da massificação desenfreada.

Segundo Paulo Fernandes, em 4 anos de um mandato é quase impossível mudar tudo, mas pode‑se lançar uma marca e mudar a vida das pessoas, criando impacto na economia local.

 

3. Há uma aposta clara em projectos educativos locais. Todas as crianças do concelho, a partir da rede ecomuseu, aprendem a fazer queijo mas também, a partir dos 6 anos, aprendem programação informática (abordagem entre a tradição e a inovação).

 

4. Criaram‑se redes colaborativas proactivas. A Câmara do Fundão passa muito tempo a procurar sinergias e recursos com outras zonas do país e do estrangeiro. Há que estar abertos ao exterior, não a geminações que nada trazem de novo, mas a parcerias que complementem os produtos locais.

 

5. A distância média a pé da habitação ao trabalho no Centro de Desenvolvimento de Software é de 6 minutos e 46 segundos. Este é um dado importante que a Câmara do Fundão utiliza para atrair empresas multinacionais emergentes (Startups). A qualidade de vida é muito importante hoje em dia, os paradigmas mudaram. Esta transição urbano‑rural é dos activos mais importantes que o país tem para dar, por isso, como refere Paulo Fernandes, no concelho «vendem estilo de vida».

 

A Câmara de Ourém promove, e bem, um incentivo à natalidade no concelho, através de um apoio financeiro. Mas a maior freguesia em termos populacionais, Fátima, não tem um parque da cidade ou outros equipamentos considerados essenciais para a qualidade de vida das nossas crianças.

 

Claro que nós não temos cerejas para vender. Mas temos um destino religioso que atrai milhares de pessoas. Temos de ter a capacidade de criar estratégias de crescimento ligadas à temática da Paz, do bem‑estar, da qualidade de vida e da saúde.

 

Temos de ser capazes de gerir as expectativas de quem quer visitar um destino com produtos turístico/económicos diferencia‑ dos para oferecer, um projecto único, bem estruturado a médio e longo prazo. Só assim poderemos ser a cereja no topo do bolo

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