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José Poças

15 de abril, 2022

A Páscoa e a Fátima de 1950

Na liturgia cristã, a Páscoa representa a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Por isso, é considerada uma das mais importantes datas comemorativas cristãs, simbolizando uma nova vida, um sinal de esperança para a humanidade, para todos nós.

 

O  relato pascoal, conforme o Evangelho de S. João, começa e termina com duas afirmações. A primeira é a exclamação de Pilatos: “Eis aqui o homem”, e a última a de Tomé: “Meu Senhor e meu Deus”. Ambos se referem a Jesus. Os dois protagonistas olham para as suas feridas e se um fala da sua humanidade, o outro recorda a sua divindade. Mas o que está no meio delas é o “mistério pascal”: a morte e a ressurreição de Jesus. É aqui também que se alimenta a nossa fé que, segundo o teólogo checo Tomás Halík “não é ‘uma muleta’, mas poderia ser comparada a um cajado de peregrino que nos ajuda na nossa caminhada ao longo da vida” de cristãos.

 

E se a Páscoa este ano se celebra a 17 de Abril, permitam‑me recordar o já longínquo ano de 1950 e duas notícias relacionadas com Fátima. Na edição do dia 2 de Abril, o Notícias de Ourém, na sua primeira página, noticiava que se encontrava “bastante adiantado o pavilhão, em forma de U, que o Santuário mandou construir em Cova da Iria, a fim de para ali fazer transitar o comércio de artigos religiosos, pondo assim termo ao vergonhoso aspecto das míseras barracas que, próximo do local sagrado, faziam estendal.” Projectado pelos arquitectos Rui Borges e António Egea, o edifício estava a ser feito pela firma José Vieira Mangas & Filhos, da então Vila Nova de Ourém.

 

A 26 de Abril desse mesmo ano de 1950, a regulamentação do comércio em Fátima mereceu uma espe‑ cial atenção da Câmara Municipal. António Castelino de Sousa e Alvim, presidente do município, fez publicar um edital, bastante esclarecedor e que, por isso mesmo, merece ser transcrito na íntegra: “Faço público que foram destinadas para a venda ambulante ou fixa, de quaisquer artigos, objectos ou produtos, nos dias de peregrinação a Fátima, as zonas junto às estradas para a Moita Redonda e para a Lomba de Égua, mas fora da estrada alcatroada, não sendo, todavia, permitida a construção de barracas fixas.

 

Todas as bancas, mesas, tabuleiros, armações ou semelhantes, usadas naquelas zonas, para o exercício de qualquer actividade comercial, serão retirados apenas termine a sua utilização. A arrumação será feita de forma a não prejudicar o trânsito. Não será, pois, permitida, fora dos estabelecimentos autorizados, a venda seja do que for, nas proximidades do Santuário, e todos os vendilhões serão obrigados, pelos processos policiais julgados mais convenientes, a retirarem‑se para as zonas acima indicadas”.

 

Termino voltando a Tolentino de Mendonça. Em 2015, numa crónica intitulada «O século de Fátima», este nosso cardeal referia que “o cenário que serve de fundo a Fátima (…) é este mundo descontrolado e conflitual, escasso de horizonte, entrincheirado entre blocos beligerantes, sem grande esperança.” Infelizmente, este cenário é o mesmo de hoje.

 

É por isso que é importante vivermos a alegria da ressurreição pascal, para, segundo as suas palavras, “podermos contagiar de esperança o mundo”, não obstante o contexto de sofrimento com a pandemia do coronavírus e da guerra na Ucrânia.

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