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José Poças

19 de outubro, 2022

Breves reflexões sobre o momento presente

É incrível como apenas a desgraça pode vir a converter os pobres num assunto ou numa abertura de telejornal. Para depois voltarem a ser esquecidos. Um artigo perdido numa página interior do jornal Expresso desta semana abordou um assunto que me parece da maior relevância e que infelizmente rapidamente caiu no esquecimento.

Até porque estavam todos entretidos a comentar a insensibilidade do senhor presidente da República, que serviu durante uma semana para dar emprego a todos os comentadores políticos deste país. Segundo a articulista Vera Arreigoso são cada vez mais as pessoas que simulam doenças em hospitais, recorrendo às urgências para serem internadas e poderem comer uma refeição. Acrescentado que “à fome junta-se a solidão: Há quem peça para ser internado”. Não são propriamente idosos, refere o artigo, que fez um levantamento por todo o país. Segundo os administradores hospitalares, por enquanto não se nota um grande crescimento, mas empregando a frase que foi usada relativamente a Marcelo Rebelo de Sousa, um simples caso não será demais? O nosso país não é pobre, foi empobrecido. Pelos políticos oportunistas, pelos ingénuos e por aqueles que se querem perpetuar no poder para poderem obter dividendos para quando saírem irem “trabalhar” para as grandes empresas que “ajudaram” enquanto estiveram no poder. Já não há líderes carismáticos, pontos de referência neste mundo conturbado em que vivemos. Infelizmente o fenómeno não é só português. Por essa Europa fora também não os vamos encontrando.

E assim nós vamos fechando os olhos, escolhendo o menos mau. Ainda não chegámos à situação desesperada em que se encontra o Brasil, que este Domingo escolhe o «menos péssimo» entre dois candidatos que, à partida, se vão servir do povo brasileiro. Por cá a culpa nunca é dos que nos governam ou governaram. Como não se pode tocar na extrema-esquerda e nas suas contradições ideológicas, há a diabolização de um partido de extrema direita, em vez de se tentar perceber que este tipo de partidos só pode crescer se os partidos democráticos não souberem governar.

Embora seja avesso a falar de casos pessoais, não resisto a apresentar o caso de um professor, com muitos anos de serviço, que foi aumentado o mês passado. O problema é que passou a receber no seu ordenado líquido … menos 200 euros por mês. Subiu de escalão tributário. Mais, deu-se ao trabalho de ir ver quanto era o seu salário em 2005. E descobriu, pasme-se, que o seu ordenado líquido, na altura, era 100 euros superior ao que recebe hoje. Chama-se a isto manter o nível de vida, pois claro. Abençoados impostos, que tanto têm ajudado a desenvolver o país e os serviços públicos do Estado.

Mia Couto numa das suas crónicas, escreveu que vivemos uma língua chamada «desenvolvimentês», em que mais do que incentivar um pensamento inovador e criativo, estamos a trabalhar ao nível do que é superficial. Acreditar que se resolvem os problemas com mais dinheiro (que sai do bolso dos contribuintes e vem da generosa Europa) é uma utopia perigosa. Enquanto não se fizerem reformas profundas, daquelas que doem e tiram votos aos partidos que estão no poder, Portugal continuará a decair.

Quanto à culpa? Nunca morrerá solteira. É da COVID ou da Guerra da Ucrânia, ou … ou … De todos menos de quem nos governa neste pobre país à beira mar plantado.

Como dizia o início do ditatorial hino da Mocidade Portuguesa 

Lá vamos, cantando e rindo

Levados, levados sim ….

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