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José Poças

18 de fevereiro, 2022

Estranho Mundo este em que nos obrigam a viver

Esta quarta-feira (dia em que escrevo) reúnem-se algumas das individualidades políticas do país para decidir se estamos a passar de uma epidemia para uma endemia, o que nos permitiria retomar a nossa vida normalizada e também acabar este sufoco económico em que vivemos.

 

Seria interessante que um dos primeiros balanços a fazer fosse sobre o atendimento público. Alguns desses serviços “aproveitaram” estes últimos dois anos para transformar o seu atendimento numa espécie de “reinos independentes” em que, com ar enfadado, usam as marcações como se nos prestassem um grande favor. Esquecem-se que são os nossos impostos que pagam os seus salários. Se há serviços onde a simpatia e a humanidade foram uma constante, noutros serviços públicos quase que temos de nos por de joelhos e pedir humildemente que nos atendam. E para demonstrarem o poder que ganharam, fazem-nos esperar, esperar...

 

Nestes últimos tempos, as notícias de abertura têm-se concentrado na vizinha freguesia de S. Mamede. Assistimos praticamente a um verdadeiro massacre de notícias sensacionalistas dos jornalistas em relação ao João, um alegado terrorista. Qualquer pessoa minimamente informada sabe que estes casos devem ser mantidos em segredo, até para afastar potenciais imitadores.

 

O problema é que os contornos ainda não estão bem conhecidos e já há, agora, noticias contraditórias que apontam que não houve dark web nenhuma. A conversa do pobre rapaz da Lapa Furada afinal aconteceu numa plataforma vulgar, a Discord. Há quem diga, agora, que afinal as supostas botijas de gás eram latas de spray. Também parece que não havia nenhum plano detalhado do ataque. Onde está a verdade?

 

Ou seja, pôs-se o carro à frente dos bois. Com a agravante de haver jornalistas que associaram uma doença, Síndroma de Asperger, com tendências terroristas. E entrevistou-se uma qualidade de supostos colegas, que não o conheciam de lado nenhum, na tentativa de apresentar testemunhas, que o não são. Ou seja, desinformou-se e acima de tudo alarmou-se a população portuguesa, sem ainda se conhecerem os verdadeiros contornos desta situação. E se se apurar que era apenas a tentativa desesperada de um miudo perturbado e a precisar de ajuda a chamar a atenção? Expõe-se a sua vida, a vida dos pais, a tranquilidade de uma aldeia, a troco de quê?  Onde está a presunção de inocência ou de, pelo menos, se esperar por informações mais fidedignas?

 

Muito haveria também para falar sobre a actual crise nas fronteiras entre a Ucrânia e a Rússia. Este assunto daria para muitas crónicas. É pena que nenhum brilhante jornalista se lembre do que deu origem à Guerra Fria, da luta entre os EUA e URSS em 1945, à volta da cidade de Berlim. Ou do que aconteceu com os misseis em Cuba. A questão é muito complexa e custa ver como há tanta falta de informação na televisão.

 

Finalmente, mais um motivo de que nos devemos orgulhar e de que somos exemplo por essa Europa fora. Sim, é claro que estou a ser irónico. Desta vez não é a pandemia que é a culpada. É mesmo a classe política que temos, que fez acordos entre si, atropelando as leis eleitorais portuguesas.

 

Como era de esperar a culpa vai morrer solteira. O Ministério da Administração Interna classificou de “deplorável” a anulação de mais de 80% dos votos no círculo da Europa e salientou que não participou na reunião de delegados de candidatura que originou este caso. Ou seja, para que se entenda melhor, o responsável afinal não é responsável. Não esteve presente, não controlou como era seu dever, não viu, nem ouviu nada.

 

O certo é que foram anulados mais de 157 mil votos de emigrantes. O Tribunal Constitucional determinou a repetição da votação. Como consequência deste jogo político feito nos bastidores, o novo governo vai ter de esperar, para tomar posse, pelo menos mais um mês e o Orçamento do Estado para 2022 não pode ainda ser aprovado.

 

Continuamos a viver um Portugal no seu melhor.

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