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José Poças

4 de outubro, 2023

Notas sobre a cultura em Fátima

Para os mais distraídos, gostaria de salientar o enorme esforço (também financeiro, pois claro) que a Câmara de Ourém tem feito na divulgação cultural. Desde logo com uma programação anual de qualidade no renovado teatro municipal. Também é de salientar que, pela primeira vez, têm sido feitas diversas iniciativas, de qualidade inquestionável, no castelo de Ourém. Se isto é verdade, também é um facto que apesar do Município ter investido na requalificação da sala de espectáculos no antigo edifício dos Monfortinos, tarda a chegar à nossa cidade uma programação anual que incentive a cultura, permitindo a sua fruição, quer aos habitantes locais, quer aqueles que nos visitam e pernoitam em Fátima. É já um problema muito velho, até porque a estrada de Alvega é muito íngreme e difícil de subir para quem vem da sede do Município.  

Apesar de tudo, queria chamar a atenção para dois acontecimentos recentes. Marco importantíssimo para a história cultural de Fátima foi o lançamento pelo Santuário de Fátima, no dia 13 de Setembro, da obra "Fátima e a criação artística: o Santuário e a Iconografia", da autoria de Marco Daniel Duarte. Os dois volumes que compõem a obra, resultado de uma investigação de 2 décadas, analisam a criação artística de Fátima, desde 1917 até aos dias de hoje. Na apresentação da obra, feita no dia 13 de Setembro, o historiador de arte Vítor Serrão, para além de destacar o "rigoroso aparato histórico-artístico e iconográfico-iconológico", defendeu a candidatura de Fátima a Património da Humanidade, devido à qualidade do conjunto monumental e artístico. Segundo este prestigiado académico, o Santuário reúne “todos os valores estéticos, espirituais, hierofânicos e artísticos (…), pelos vários contributos da melhor mão-de-obra artística do país e também de alguns artistas estrangeiros. O melhor da história da arte em Portugal, o melhor da mão-de-obra artística em Portugal, trabalhou para Fátima. Artistas crentes e não crentes".

O Presidente do Turismo do Centro já reagiu, considerando que a candidatura a Património da Humanidade pode contar com o apoio total desta entidade de turismo. Tendo Portugal já 17 inscrições, entre eles o Mosteiro da Batalha e o Convento de Cristo, cabe agora ao poder político criar as sinergias necessárias para envolver toda a população na concretização deste projecto, que traria um novo olhar sobre Fátima, o seu reconhecimento e valorização ao nível artístico/patrimonial. Esta classificação permitiria adquirir prestígio internacional (a classificação confere um reconhecimento universal de que o local é de importância excepcional); ainda mais atractividade turística; educação e pesquisa, já que os locais do Património Mundial são fontes de estudo, promovendo a educação e a compreensão da arte em Fátima, bem como a sensibilização e valorização cultural, incentivando o sentimento de pertença para a identidade e história, quer da nossa cidade, quer de Portugal.

Ainda em Fátima tem estado a decorrer, no Museu Arte Sacra e Etnologia da Consolata, de 15 de Julho a 21 de Outubro, a exposição “Iter fidei (caminhos da fé)”, com imagens de 21 fotógrafos nacionais. Organizada pela Junta de Freguesia e Museu da Consolata, com curadoria dos fotógrafos Rui Miguel Pedrosa e Luís Filipe Coito, a exposição aborda a devoção dos peregrinos, as expressões de fé e os rituais que compõem a experiência religiosa em Fátima, desde 1974 até à actualidade. Segundo a sinopse "nesta exposição fotográfica, cada imagem conta uma história, revelando a devoção fervorosa dos peregrinos, as expressões de fé inabalável e os rituais que compõem a experiência religiosa em Fátima”. A não perder. Se não visitou, ainda está a tempo.

Uma nota final para o arranque da segunda fase das obras da nova Biblioteca de Fátima, na antiga escola do 1º Ciclo da Lomba d´Égua. Estão quase a ser ultrapassadas as enormes dificuldades burocráticas criadas pelos organismos do Estado (em vez do simplex, temos cada vez mais o compliquex), o que permitirá dotar a nossa cidade de um edifício cultural onde, para além das salas de leitura, existirá também uma sala de exposições, aberta à divulgação de eventos artístico/culturais da população de Fátima.

 

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