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Miguel Ferreira

19 de novembro, 2020

“Afogar” o barco

Na margem de um grande rio, vivia um pescador com a sua família. Em tempos foram muito bem-sucedidos nos seus negócios de pesca, mas, agora, as coisas estavam difíceis, o rio trazia cada vez menos peixes, e as suas ferramentas de trabalho estavam velhas e, como não tinham dinheiro para comprar um barco novo, o pescador tinha que frequentemente consertá-lo.

Um dia, um velho caminhante passou por lá e perguntou ao pescador se poderia passar a noite na sua casa. Embora a casa fosse muito simples e mal houvesse comida para todos, a família do pescador aceitou-o e o tratou com educação e carinho, oferecendo-lhe o espaço mais cómodo para dormir.
Na manhã seguinte, quando o caminhante estava prestes a partir, perguntou ao pescador como poderia agradecer pelo abrigo e pela comida. O pescador, percebendo que o homem era tão pobre quanto ele, apenas esboçou um sorriso e respondeu:
– Compreendo que o senhor é um homem sábio e que já viu muito. Agradeça-me com conselhos sobre como sair da pobreza. Isso seria suficiente.
– Muito bem! - disse o caminhante. Para sair da pobreza, você necessita “afogar” o seu barco!
Depois disso, despediu-se e nunca mais foi visto pelo pescador e sua família.
O pescador não viu nenhum sentido no conselho do caminhante. Afinal, como poderia livrar-se do seu barco, a única ferramenta de sustento da sua família, que, ainda por cima, não garantia comida para todos os dias?
Assim, o pescador não seguiu o conselho e manteve o mesmo estilo de vida, ficando cada vez mais pobre e sem alimento para a família.
Até que um dia, durante uma forte tempestade, o seu barco foi seriamente danificado e já não havia mais possibilidades de ser utilizado.
A família, então, juntou os seus modestos pertences, retirou-se da sua casa e procurou outro lugar para se estabelecerem.
Encontraram uma grande vila de pescadores, havendo por lá muitos barcos, de todos os modelos, cores e tamanhos. Seria talvez uma boa possibilidade de obterem ajuda e recomeçar as suas vidas. Mas, por mais que o pescador se alegrasse ao ver aqueles barcos, não tinha forma de comprar nenhum.
Um dia, estava sentado à margem do rio, admirando os barcos das outras pessoas até que percebeu que o barco de um homem estava seriamente danificado e a precisar de reparos.
Como era bom nisso, ofereceu-se para consertar o barco do homem, e assim voltar a sua rotina de trabalho.
O seu trabalho ficou realmente bom, e a partir daí começou a dedicar o seu tempo a estudar sobre essa arte, tornou-se um grande mestre. O seu trabalho começou a ser cada vez mais procurado e reconhecido, tornou-se o melhor mestre de reparação de barcos da vila. Conseguia deixar os barcos melhores do que nunca. Pessoas doutros lugares vinham procurá-lo pelo seu trabalho.
Após algum tempo, conseguiu comprar uma casa nova para acomodar a sua família e nunca mais lhe faltou nada. Nessa altura, lembrou-se do velho caminhante e do seu conselho, e aí, tudo fez sentido. “Afogar” o barco significava desapegar-se do seu velho padrão de vida, sair da zona de conforto e procurar novas maneiras de transformar a sua vida. E sem querer, foi exactamente o que ele fez.
As mudanças, no início por mais que pareçam assustadoras, realmente fazem-nos bem, quando estamos abertos a experimentá-las verdadeiramente.
Aproveite todas as mudanças que a vida lhe dá e agradeça-as, pois poderão melhorar a sua realidade, transformando e aumentando o significado da sua vida!

Bem hajam.

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