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Sérgio Carvalho

30 de maio, 2025

Novos Tempos: A nobreza da prática desportiva

Desde a eleição do Papa Leão XIV temos tido conhecimento do valor que o novo Sumo Pontífice dá à prática desportiva. Ele é um praticante de ténis, além de aficionado pelo basebol e basquetebol, desportos tipicamente norte-americanos. Frequentava um ginásio em Roma e tinha um Personal Trainer que o orientava na prática desportiva. Vemos que valoriza a máxima latina «mens sana in corpore sano», «uma mente sã num corpo são».

 

Nos últimos dias, o Papa recebeu a equipa de futebol do Nápoles, a propósito da sua vitória no campeonato italiano. Na audiência que concedeu proferiu palavras muito oportunas, para os momentos que vivemos a nível desportivo, dizendo que «ganhar o campeonato é um objetivo alcançado ao final de um longo caminho, onde o que mais conta não é o feito de um momento, nem a performance extraordinária de um campeão. O campeonato é vencido pela equipa, e quando digo “equipa” quero dizer tanto os jogadores quanto o treinador, além de toda a comissão técnica e a associação desportiva.»

 

O Papa Leão XIV salientou, ainda, o aspeto educacional do desporto em geral e do futebol em particular. Pois, dizia ele, «infelizmente, quando o desporto se torna um negócio, ele corre o risco de perder os valores que o tornam educativo, podendo até se tornar “não educativo”. Esse aspeto exige vigilância, principalmente quando se trata de adolescentes. Apelo aos pais e aos líderes desportivos: devemos prestar muita atenção à qualidade moral da experiência desportiva competitiva, porque o que está em jogo é o crescimento humano dos jovens. »

 

A prática desportiva, a inserção numa coletividade, o exercício físico e a capacidade de cumprir as regras do jogo, bem como trabalhar em equipa, podem fazer maravilhas na construção da personalidade de uma criança, adolescente ou jovem.

 

Confirmo, por conhecimento próprio, que o desporto quando é saudável, pode incutir valores, criar autodomínio e prazer por alcançar objetivos. Observei muitos e muitos jovens, os quais não teriam um futuro muito promissor, devido à instabilidade familiar, à inserção em meios desfavorecidos ou ao risco de contacto com a toxicodependência, o alcoolismo e a delinquência, que foi a prática desportiva que os resgatou e os tornou bons e honestos cidadãos.

 

Nos meus tempos de animador e dirigente do Centro Juvenil Dom Bosco, em Pinto Bessa, no Porto, associação ligada aos Salesianos, via o orgulho que tínhamos ao olhar a nossa vitrina de honra, onde figuravam recordações e recortes de jornais de glórias do futebol que o nosso humilde Centro deu a Portugal e ao mundo desportivo, como Fernando Gomes (FC Porto e bi-bota de ouro); Pedro Barbosa (Sporting Club de Portugal); Luisinho (SL Benfica) e João Pinto (Boavista e SL Benfica). Todos eles passaram pelo nosso humilde campo de terra batida… por lá cresceram como jogadores e homens até que alguém dos grandes clubes os observou e os levou às ribaltas, sem nunca esquecerem as origens. O bom exemplo que viram veio muitas vezes à tona nas suas atitudes desportivas. E centenas de jovens sonhavam ser um dia como eles.

São Paulo, na primeira Carta aos Coríntios afirmava: «Não sabeis que os que correm no estádio correm todos, mas só um ganha o prémio? Correi, pois, assim, para o alcançardes. Os atletas impõem a si mesmos toda a espécie de privações: eles, para ganhar uma coroa corruptível; nós, porém, para ganhar uma coroa incorruptível. Assim, também eu corro, mas não às cegas; dou golpes, mas não no ar. Castigo o meu corpo e mantenho-o submisso, para que não aconteça que, tendo pregado aos outros, venha eu próprio a ser eliminado.»

As palavras convencem, mas os exemplos convertem os corações. Se as nossas associações desportivas, os seus dirigentes, empresários, jogadores e árbitros vivessem as virtudes éticas que o Papa Leão XIV aconselha, como seria diferente o ambiente nos estádios e veríamos a nobreza da prática desportiva.

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