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Tomé Vieira

10 de agosto, 2023

Vogando…

Todos nós queremos mais e melhor. Dependendo do meio de onde vimos ou do estrato social que nos calhou em sorte, queremos diferentes coisas, mas sempre mais e melhor. Pode tratar-se de poder e influência. Pode ser dinheiro, riqueza e conforto, ou seja, os inevitáveis bens materiais. Pode ser ainda reconhecimento ou popularidade. Pode ser igualmente conhecimento, espiritualidade, sabedoria, ou mesmo aventura. Para os mais sábios, pode tratar-se de algo tão acessível e simultaneamente tão difícil de conseguir como serenidade e paz. Pode ser também amor, compreensão e cumplicidade, ou verdade e lealdade. Por fim, para os mais desafortunados desta vida, pode tratar-se daquilo que jamais nos deveria faltar: comida, segurança e saúde.

Tudo isto move o mundo e leva as pessoas a superarem-se, tanto a nível pessoal como profissionalmente, no bom e no mau sentido do termo. Para todos os efeitos, a História da Humanidade mostra-nos que cada um destes aspectos contribui à sua maneira para a tragicidade da condição humana, uma sucessão de pequenas conquistas mescladas com muitas derrotas, que no caso dos mais resilientes e afortunados se podem tornar em grandes conquistas, à escala de cada um.

Há, no entanto, algo mais precioso que tudo aquilo que foi acima enumerado e que, embora seja paradoxalmente o bem mais precioso e acessível de todos, parece ser aquele que mais nos escapa. Falo obviamente do Tempo, princípio e fim de tudo. Tempo para nós, para quem nos faz bem e para quem precisa de nós. Tempo para construir, seja relações sólidas e saudáveis, seja tudo aquilo que nos identifica como seres civilizacionais. Tempo para fruir. Tempo para sarar e fortalecer. Tempo para ter tempo.

Vejamos o exemplo do povo que tem a maior concentração de bens per capita, os suíços, e que por isso serão aqueles que em princípio poderão satisfazer melhor os respectivos desejos e anseios. Pois bem, segundo um estudo da Sotomo, uma espécie de Pordata helvética, que entrevistou milhares de pessoas para o efeito, cerca de 90% dos adultos suíços queixam-se de não ter tempo suficiente para o que consideram mais importante. Uns gostariam de dedicar mais tempo aos amigos, outros gostariam de praticar um desporto, outros ainda de aprenderam um instrumento musical, entre outras hipóteses. Porém, o lamento mais consensual, que une mais de metade dos inquiridos, é o de não terem tempo para viajar ou para viver uma aventura. Cá está, até os mais afortunados do planeta têm consciência de que não há riqueza ou luxo que possa substituir ou comprar aquilo de que o ser humano mais carece, tempo para se encontrar consigo mesmo.

Talvez seja precisamente como já os nossos antepassados romanos intuíam ao alertarem para a fugacidade o tempo. Assim, só nos resta dar-lhe a melhor utilização possível.

 

Pully, 5.VIII.2023

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