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“Chá com arte” em Ourém para falar sobre “cultura da Paz ‑ diálogo ecuménico”

Religião - 22 de novembro, 2019
Joaquim Franco, jornalista da SIC e investigador em Ciências Religiosas, foi o convidado da edição especial “Chá com Arte”, dedicada ao tema da “Cultura da Paz ‑ Diálogo Ecuménico”. A iniciativa decorreu ao estilo que já habituou o público: informal, regada a chá e bolos, da Doce Oureana e da Flor de Fátima, e acompanhada por uma conversa que cativou do princípio ao fim. É ainda de salientar o facto de ter contado com casa cheia, o que deixou o orador da noite surpreendido e animado.

Especialista em matéria religiosa (há 22 anos que acompanha as grandes peregrinações ao Santuário de Fátima) e com uma dissertação de mestrado (defendida há cerca de três semanas) intitulada “Devotos Improváveis ‑ Hindus e Muçulmanos numa visão de Fátima”, Joaquim Franco confessou que Fátima “sempre” foi um assunto que o “seduziu, não na sua perspectiva mais confessional, mas como reflexo da realidade humana e da diversidade da realidade humana.” “Fátima traduz ‑me sempre uma renovada novidade”, afir‑ mou e detalhou: “Eu detecto em Fátima um repositório de experiências individuais que são indizíveis. (…) À medida que me vou aproximando da experiência individual do peregrino e que vou perscrutando a experiência
de cada visitante, dou ‑me conta de que Fátima assume cada vez mais a dimensão de um lugar alto de sentido que tem múltiplas leituras”.

“Há toda uma esmagadora maioria de experiências indivi‑ duais de fé que são indizíveis”, defendeu, considerando que “nenhuma enciclopédia, nenhuma academia, alguma vez terá capacidade para dizer Fátima como ela é. Nesta dimensão, Fátima não é sequer o que supostamente aconteceu há 100 anos, é esta experiência individual, vivida e vivenciada, no dia a dia, ano a ano, por quem diz que não sabe porque vem até àqueles que vêm pela mais profunda devoção mariana. Fátima é isto tudo. E isso sempre me seduziu”, afirmou, acrescentando: “Era quase inevitável que eu levasse o meu terreno de estudo em Ciência das Religiões para esta experiência que vou vivendo”.

Quanto ao tema da sua dissertação, Joaquim Franco explicou que o interesse por esta temática surgiu depois de ter acompanhado uma peregrinação de hindus a Fátima. “Tentei perceber porque é que os hindus vêm a Fátima”, disse o jornalista, que alargou o seu estudo aos muçulmanos.

Segundo concluiu, estes povos vêm a Fátima por diversas razões, sendo uma delas o facto de encontrarem em Fátima “a representação da símbolo materno, da maternidade, da mãe…” Segundo a visão deste jornalista e investigador, “Fátima abrange muitas realidades, é
espaço de procura que vai muito para lá das barreiras do catolicismo e da devoção mariana”.

Na sua perspectiva, “Fátima é um grande desafio para o futuro do próprio Santuário”. “O fenómeno do Turismo Religioso ainda vem acentuar mais essa necessidade de repensar o fenómeno à volta da devoção para ver como é que se reconstroem mecanismos de acolhimento a esta diversidade que não se enquadra no modelo convencionado”, afirmou.

A sessão decorreu, a título excepcional, no Museu Municipal de Ourém, inserida no âmbito das comemorações do Ano Internacional da Moderação, que estão a ser promovidas pelo Consolata Museu ‑ Arte Sacra e Etnologia, em parceria com a Câmara Municipal.

As comemorações prossseguem esta sexta ‑feira, 15 de Novembro, no Consolata Museu, com a visualização do documentário “Humano ‑ Uma Viagem pela Vida”, seguida de uma visita à exposição temporária “Amazónia ‑ Yanomami, os guardiões da ‘Casa Comum’” e às reservas da colecção de etnografia. A iniciativa é gratuita e tem início marcado para as 21h.

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