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Alexandre Marto Pereira

4 de março, 2021

Fátima e o pós-guerra

No último texto que aqui escrevi, há quase um ano, falei da guerra da minha geração. Lembrei que a guerra mudava as pessoas, a sociedade, a economia, o mundo. Suponho que isso hoje já é óbvio para todos, ainda que a evidência dessas mudanças ainda não seja total.

 

Mas também é verdade que não há guerras eternas, e esta sabemos antecipadamente quem ganhará: a humanidade vencerá o vírus. Ter a certeza disso é uma enorme vantagem em termos estratégicos porque permite desde já pensar num mundo pós-guerra.

 

No primeiro semestre de 2022, quando as coisas começarem a normalizar, e principalmente em 2023 quando as coisas estiverem normalizadas, ainda que num novo normal, serão julgadas as decisões que forem hoje tomadas sob pressão de uma emergência que será temporalmente… confinada.

 

A guerra mudando tudo, muda muito pouco. A humanidade seremos ainda nós, embora diferentes. E os grandes movimentos da História não serão interrompidos.

 

É portanto útil parar um pouco, congelar o momento da guerra, e reflectir sobre a bondade do caminho que Fátima seguia antes da pandemia, perceber se o mesmo ainda nos levará a bom porto, e não deixarmos o nosso pensamento ser obnubilado pelas dificuldades do momento ou pelo ruído das bombas.

 

Fátima transformou-se nos últimos anos pré-pandemia numa marca acarinhada de forma unânime por todo o Povo português. Povo no sentido mais lato, e não num sentido estrito ou marcado politicamente. Povo no sentido de albergar todos, do mais modesto ao mais abastado; do mais iletrado ao mais culto; do homem com mais fé, àquele que lamenta não a ter.

 

Dirão alguns que sempre assim foi, e talvez tenham razão. Mas não era preciso grande atenção para perceber que muitos continuaram até há pouco afastados de Fátima, até a olhando com desdém e desconfiança – e não falo de uma contaminação ideológica, datada, que foi entretanto pelo tempo saudavelmente expurgada. Falo de um afastamento de certas elites, muitas vezes decisoras, que por mera ignorância foram castigando esta fé.

 

O Santuário, de forma intencional ou não, convidou muitos que estavam longe a aproximarem-se e a reflectir pela primeira vez sobre Fátima, utilizando as ferramentas e as palavras exigidas por esses públicos porventura mais exigentes, e deu-lhes a conhecer a mensagem à luz de uma linguagem mais complexa, robusta, preparada – e moderna.

 

Dirão os mesmos alguns que essa luz não é a apropriada para Fátima. Mas não vejo como o conhecimento pode afastar alguém, e não vejo como a escuridão possa ser escolhida como caminho para o futuro.

 

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