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António Castanheira

5 de novembro, 2021

Rota Carmelita / Condeixa-a-Nova - Rabaçal

A partida de Condeixa-a-Nova faz-se de um ponto de apoio da Rota Carmelita situado numa rotunda onde se inicia a Avenida dos Bombeiros Voluntários. É um local onde facilmente se encontra estacionamento.

 

O nosso caminho segue na avenida e vai agora em direcção a Condeixa-a-Velha passando o Jardim dos Sivais e de seguida o Museu Portugal Romano em Sicó que é um importante centro de interpretação sobre a epopeia da romanização no nosso território.

 

Alguns metros depois um soldado romano, gigante de metal, parece indicar a época remota em que viveu. Talvez tenha sido um dos soldados que iniciou por aqui a conquista Romana da região nas campanhas de Decimus unius Brutus Calaicos em 138-136 ac. Talvez tenha pertencido ao reinado de Augusto e com ele tenha promovido a arquitectura e o urbanismo de Flavia Conimbriga em 75-80 dc. Ou talvez tenha sido um dos soldados derrotados pelos bárbaros, testemunhado tristemente a ruína de Conimbriga.

 

Passamos então por Condeixa-a-Velha que conforme a história nasce da população que foi abandonado Conimbriga. Descemos em direcção ao Largo Eng. Costa Alemão, entrando no largo veremos um marco de distância da rota. O nosso caminho entra agora em plenas ruínas de Conímbriga. Detenho-me a observar algumas das escavações que alguns jovens e um professor realizam. A ruínas ladeiam esta parte do percurso. A partir da encruzilhada entre a Rota da Carmelita e os Caminhos de Santiago, deixamos a velha Conimbriga para entrar numa secção diferente de paisagem. 

 

O Canhão Fluviocársico do Rio dos Mouros estende-se por cerca de 4 Km. Seguimos encaixados num vale, acompanhando as margens deste curso de água que tende a secar na época de Verão. Não obstante a época, este ponto do percurso proporciona-nos uma agradável paisagem até Fonte Coberta. 

 

A história de Fonte Coberta é anunciada pela sua ponte Filipina datada do ano de 1636, edificada à ordem de Filipe III de Portugal (IV de Espanha). Torna-se interessante a passagem por este lugar que vai dando conta dos seus antepassados através da azulejaria que vou observando. Fico a saber que o estado maior francês esteve no local em Março de 1811 comandado pelo general Massena, filho querido das vitórias de Napoleão. No pequeno largo Pier Maria Baldi somos surpreendidos pela marca, deixada pelo famoso pintor e arquitecto Italiano, reproduzida em azulejaria, ilustra as paisagens da Fonte Coberta em 1668.

 

À medida que me afasto da Fonte Coberta avisto um estranho espaço em completa desarmonia com a envolvência, uma espécie de acampamento improvisado e bem tratado serve de paragem para os peregrinos de Santiago. Maria, convida-me para um café. Oriunda de Hong Kong vive numa rouloute com o seu marido naquele lugar. Entretanto, Francisco aproxima-se, peregrino Argentino que se dirige para Santiago, por fim troco umas palavras com outro peregrino de Africa do Sul que vai construindo um pequeno santuário em madeira em memória dos três pastorinhos.

 

São estas as surpresas inesperadas que nos permitem reflectir o valor do tempo que por aqui andamos. A pouco mais de 3 km do Rabaçal ainda encontramos a aldeia do Zambujal. Se recuássemos cerca de 2000 anos atrás talvez tivéssemos a sorte de nos cruzarmos com o apóstolo Santiago que, de acordo com a lenda, por aqui passou vindo do Sul em direcção a Santiago de Compostela.

 

Deixo o Zambujal, passando por um albergue e entrando numa estrada de saibro ladeada de ambos os lados por oliveiras, entro no espaço mais interno da natureza, mais tarde a queijaria assinala a chegada à Vila Romana do Rabaçal que iremos conhecer no próximo mês.

 

Até lá bom camimho…

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